sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Tráfico de mulheres e exploração sexual: Um problema social e econômico.



No dia internacional contra a exploração sexual e tráfico de mulheres e crianças, o que devemos discutir?  O modo como seres humanos se articulam para a manipulação de outros seres humanos? O modelo de sociedade que transforma pessoas em mercadoria? O modo como isso acontece diariamente, há muito tempo e que o combate a esse tipo de ação está longe de ser efetivo? O drama da mulher enganada e escravizada? Das famílias? A questão parece se aprofundar a cada análise.
Segundo as dados das Nações Unidas, o tráfico de seres humanos supera o “faturamento” do tráfico de drogas e do de armas, movimentando, aproximadamente, 32 bilhões de dólares por ano, sendo considerada a terceira maior fonte de renda ilegal do mundo. Esse nefasto quadro demonstra a situação de desrespeito aos Direitos Humanos, mas acima de tudo, de desigualdade social e revelam a face oculta de uma sociedade firmada em uma cultura machista e discriminatória que torna seres humanos objetos produtos do mercado.
As vítimas do tráfico têm perfil traçado, pois geralmente são mulheres, negras e pobres, com baixa escolaridade. A estrutura da ação é evidente: traficantes prometem emprego no exterior, geralmente de empregada doméstica, babá e até mesmo de modelo. O desfecho é óbvio: são forçadas a ter relações sexuais, viver na miséria e em locais inapropriados para o convívio humano. Tudo para fins de exploração, que inclui prostituição, exploração sexual, trabalhos escravo, tráfico de órgãos e outras práticas perversas. No entanto, embora tão detalhado, a estrutura desse crime não é sequer arranhada pelas medidas públicas de segurança, fazendo com que esses atos se perpetuem.
O tráfico e exploração de mulheres e crianças, não é um caso isolado das relações econômicas, de sexo, de raça e cultura, que configuram a sociedade como um todo. O fato de a maioria das vitimas pertencerem às classes mais baixas, sendo, portanto, evidencia disso. A idéia tradicional que possuímos de Direitos Humanos, não contemplam de forma específica os direitos das mulheres, pois historicamente sabemos que o espaço da mulher na maioria das vezes se dá no âmbito privado, e as noções tradicionais de direitos humanos tem a tendência a se preocupar mais com a esfera pública.
Frente a uma tragédia exposta (digna de ser lembrada em calendário), com raízes tão profundas, devemos denunciar essa situação criminosa e altamente violadora de direitos e exigir dos órgãos responsáveis pela promoção e efetivação dos Direitos Humanos a maior seriedade no combate a esse tipo de crime. Mas, além disso, denunciar essa estrutura social que coisífica seres humanos e explora inclusive sua dignidade.
Nesse sentido, o desafio que está posto a todos aqueles que pretendem combater essa realidade e a própria efetivação dos direitos humanos, ante a possibilidade de construção e consolidação de direitos é o de incorporar uma cultura de enfrentamento a essas questões, pensando de forma mais abrangente, a fim de questionar esse modelo perverso de sociedade em que vivemos.
Coletivo de Mulheres Rosas de Liberdade

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

14 de setembro: Dia Latinoamericano da Imagem da Mulher nos Meios de Comunicação

"Por definição, a propaganda consiste em uma forma sistemática de persuasão que visa influenciar com fins ideológicos, políticos ou comerciais, as emoções, atitudes, opiniões e ações de um público-alvo através da transmissão controlada de informação parcial”
A televisão é o principal meio de entretenimento e transmissão de valores que possuímos atualmente, é por
ela que podemos ver diariamente a construção de um estereótipo de mulher, cujo padrão tem de ser seguido, e quem foge a esse padrão é desprezada, discriminada e excluída. Não é incomum vermos comerciais de televisão fazendo alusão ao corpo da mulher, novelas impondo padrões de comportamento, moda e estilo de vida. A mulher negra, por exemplo, não tem muito espaço nas telenovelas, e quando tem, é sempre pobre, morando na favela, ou fazendo referência a escravidão, com mulheres negras sendo empregadas domésticas, quituteiras (vendedoras de comida ambulante), e quando não aparece encaixada nesses padrões, geralmente é feita apelação direta a sua sexualidade, sendo vista como a “mulata gostosa”, porém pobre e sem muita relevância.
Investida com esse poder, a propaganda serve à sociedade patriarcal como instrumento de controle sobre as mulheres, utilizando mídias para reforçar padrões machistas de comportamento, estereótipos do nosso papel social e a banalização da violência simbólica de gênero. Para ilustrar, podemos citar a postura publicitária, circunscrita na sociedade moderna de consumo, que insiste em situar o público feminino no espaço doméstico, além de formular e reformular modelos estéticos cuja imitação depende de uma gama de produtos, gerando pressão sobre o público feminino para o seu consumo, geralmente seduzido pela promessa de uma “valorização social”. Vale ressaltar a síntese do pensamento machista traduzido em sua representação dos nossos corpos, também reproduzidos pela propaganda: um vazio de desejos próprios e autonomia, passível de ser objeto associado a “outros” produtos, cuja única expectativa parece ser a admiração masculina.
Por isso, o movimento feminista repudia expressões machistas compartilhadas diariamente em vários canais de comunicação, e considera a reversão desse quadro um fator importante para a conquista da liberdade feminina. Nós defendemos o olhar crítico em relação aos meios de comunicação. A partir daí poderemos analisar que papel é dado às mulheres e onde elas se inserem, devemos desafiar os preconceitos, romper as barreiras do machismo e transmitir mensagens que reflitam o mundo como sendo igual para homens e para mulheres, sem inferiorizar o sexo oposto, mostrando visões diferentes, fazendo dos meios de comunicações um espaço acessível e socializador, sem preconceitos nem estereótipos machistas.